3.05.2012

História e Ensino de História

Resumo


FONSECA, Thais Nívea de Lima e. História e Ensino de História. Autentica, 2006.2 ed. Belo Horizonte. p. 7 – 28.

A história do ensino constitui-se um importante tema de estudos na área da História da Educação. Esses estudos privilegiam os processos de elaboração de currículos, definição de políticas voltadas para o ensino de determinadas disciplinas nas escolas e procedimentos metodológicos. A discussão sobre as características de investigação a respeito do ensino e das disciplinas escolares tem levado alguns autores a compreender que a história das disciplinas seria parte do campo da história do ensino. A história das disciplinas escolares estaria, no interior de um campo, identificada aos conteúdos e às suas variadas possibilidades de articulação.
As disciplinas têm sido estudadas no processo de constituição e de consolidação, no qual saberes antes restritos a produção científica acaba tornando-se saberes escolares, constituindo um conjunto de conhecimentos organizados apropriados para a escola, como no caso, por exemplo, de dimensões da vida social e profissional. 
Nos séculos XVII e XVIII, os jesuítas ensinaram temas de História em suas escolas, mas isso não significa que este conhecimento já estivesse organizado como disciplina escolar. Atualmente a designação utilizada define disciplina escolar, como um conjunto de conhecimentos identificado por um título ou rubrica dotado de organização própria para o estudo escolar e com finalidades específicas ao conteúdo.  As disciplinas surgem então, a partir desta concepção como interesse de grupos e instituições, da Igreja e do Estado.
Após a Segunda Guerra Mundial, o aumento significativo do acesso da população ao sistema educacional, estimulou o desenvolvimento de pesquisas sobre as relações entre escola e sociedade. As pesquisas mostravam que a escola era responsável por gerar desigualdade, oferecendo aos pesquisadores elementos para o desenvolvimento de uma análise sociológica da educação que buscasse as razões dessa situação. Os estudos relacionados a mobilidade social e educação, deixaram de lado aspectos importantes, como os conteúdos de ensino, sistemas de avaliação e as práticas pedagógicas. No século XX, nas décadas de 60 e 70, as teorias da reprodução influenciada pelo estruturalismo, negavam à escola o papel de corretora das desigualdades, reconhecendo nela o papel de perpetuadora das mesmas.
Os estudos sobre o ensino e as disciplinas escolares começaram na Europa a buscar na História Cultural, referenciais de análise que dessem conta da complexidade dos processos mais amplos, no qual as disciplinas estivessem envolvidas desde a constituição formal até suas apropriações no espaço escolar.
Somente a partir do século XVIII é que a História começou a adquirir traços mais precisos. Da Idade Média ao século XVII predominava uma história apoiada na religião e marcada por uma concepção providencialista, na qual o curso da história humana definia-se pela intervenção divina. O discurso historiográfico foi deixando de lado genealogia eclesiástica para se fixar na genealogia de dinastias e de nações. Foi somente nos oitocentos que a história alcançou o estatuto científico, sendo que sua afirmação científica se deu no momento em que as ciências alcançavam posições mais solidas e reconhecidas.
Ao longo do século XIX o ensino de História nas escolas deveria obedecer a procedimentos específicos, como adequação de linguagem, definição de propriedades em termos de conteúdo e utilização de imagens úteis à compreensão da história da nação. É a partir desse momento que a História se constitui como disciplina escolar fortemente marcada por uma perspectiva nacionalista servindo de interesses políticos do Estado, como também carregando elementos culturais que garantiam a consolidação da população no processo de construção das identidades nacionais e coletivas.
Podemos concluir que diante das múltiplas relações com as várias dimensões da sociedade, o ensino de história influência e proporciona um leque de possibilidades de abordagens para diferentes grupos. Dessa forma, é apresentada conotações científicas, políticas e culturais facilitando a compreensão do mesmo, pois, há ainda uma grande riqueza a ser descoberta e questionada.

Resumo escrito por Joelia Melo, aluna do 2º semestre do Curso de Licenciatura em História da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – Campus V.

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