RESENHA
ADORNO, T. W. Educação após Auschwitz. In: Educação
e emancipação. Tradução de Wolfgang Leo Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1995. p.119-138.
De origem judaica, Theodor Wiesengrund Adorno nasceu
em 11 de setembro de 1906 na Alemanha. Filósofo e crítico musical, Adorno fez parte da chamada Escola
de Frankfurt, que contribuiu para o
renascimento intelectual da Alemanha após a Segunda
Guerra Mundial. A
Filosofia de Theodor Adorno, considerada uma das mais complexas do século XX,
é fundamentada na dialética. A presente resenha analisará o texto “Educação após
Auschwitz” no qual, Adorno ressalta que a principal
meta da educação deve ser a de evitar que Auschwitz se repita.
É
necessário primeiro entender o que foi Auschwitz, para depois compreender a proposta de Adorno. Auschwitz, foi o
maior campo de concentração de prisioneiros montado pelos nazistas. Localizado
ao sul da Polônia a poucos quilômetros da fronteira com a Eslováquia, era
constituído de três unidades: o campo de prisioneiros, o de extermínio e o de
trabalhos forçados. Embora não seja o único campo de
concentração e exterminação alemão, Auschwitz foi um símbolo de terror,
genocídio e do holocausto em todo o mundo. Judeus, ciganos, e pessoas de outras
nacionalidades eram aprisionados e mortos, fazendo de Auschwitz palco de um dos maiores assassínios em massa da história da
humanidade. A Segunda Guerra Mundial deixou marcas e danos irreparáveis não
apenas naqueles que sofreram os horrores e as barbáries como vítimas diretas ou
indiretas, mas em toda a humanidade, pois a sociedade permitiu que se
instalasse uma verdadeira indústria de extermínio de pessoas. Theodor Adorno
não queria que isso ficasse esquecido e muito menos que voltasse a acontecer. Segundo
ele, a educação precisa ser repensada, para que o passado não seja repetido.
Fazendo uma análise desse período, percebe-se que milhões de pessoas foram mortas de forma planejada pela inteligência humana, e que o homem demonstrou, de forma cruel, a sua intolerância racial, cultural e o exacerbado nacionalismo, que se espalhou por diversos países no século XIX. Adorno usa os estudos de Freud os quais considera que é na primeira infância que se forma o caráter de cada individuo, para mostrar que a repetição de Auschwitz pode ser evitada se for realizado um processo educacional incisivo nesse estágio. Explica ainda que os culpados pelo holocausto não são as vítimas e sim os perseguidores. Fala do sentimento de claustrofobia das pessoas diante do mundo administrado, e que por essa linha, a violência é uma das formas de tentativa de fuga dessa densa rede. A violência, no entanto, não pode atingir a civilização em sua totalidade, sendo assim, as perseguições são voltadas aos considerados socialmente mais fracos e felizes. Além da educação na primeira infância, outra questão abordada por Adorno é o processo de esclarecimento da população, o qual de acordo com ele criaria um clima cultural e social que possibilitaria a não repetição da barbárie. No texto o autor deixa claro que o retorno ao fascismo é uma questão muito mais social que psicológica. Mas, usando a psicologia Adorno explica que as pessoas que assumem compromissos são colocadas numa espécie de estado de comando e passam a agir de forma diferenciada, submetendo-se a normas e compromissos de obediência que cega a autoridade e gera condições favoráveis à barbárie. A falta de autonomia e determinação são condições favoráveis à barbárie, no entanto a conquista da autonomia e o poder para a autorreflexão e autodeterminação é uma forma de repetição de Auschwitz. Os algozes do campo de concentração eram em sua maioria jovens filhos de camponeses o que pressupõe, segundo o autor, ser o insucesso da desbarbarização ainda maior na zona rural, e que tendências de regressão a barbárie existem por toda parte, tanto no campo quanto na cidade. Uma das possibilidades colocadas pelo autor para amenizar os contrastes da educação zona rural-cidade é a formação de grupos educacionais moveis de voluntários, que ao se dirigirem ao campo preencheriam as lacunas mais graves. Theodor também fala sobre a introdução dos esportes nas escolas, como forma de evitar Auschwitz, mas alerta para as ambiguidades desse método, pois, mesmo sendo positivo, pode promover a violência, a crueldade e o sadismo, a depender da modalidade esportiva. Seria interessante, portanto incentivar esportes que são apenas para diversão, e que sirvam para realizar uma diminuição da agressividade. Outra questão abordada por Adorno é o papel que a tecnologia exerce na formação da consciência coisificada, pessoas desprovidas de emoções que preferem a companhia de máquinas em detrimento dos humanos, tornam-se iguais a coisas, e posteriormente, tornam os outros também iguais a coisas. A deficiência na capacidade de amar pode ser o resultado de pessoas desprovidas de emoções. Adorno deixa claro que não se trata de uma defesa sentimental e moralizante do amor, pois tal incapacidade atinge hoje a todos.
Pode-se notar ao longo do texto a preocupação do autor em evitar que um holocausto como o vivido na Alemanha e em outros países volte a acontecer e que através da educação será possível impedir aqueles que executam ações violentas. Para que Auschwitz não se repita será necessário estudar a formação do caráter manipulador de cada individuo, e identificar o motivo que os leva em condições iguais a ter comportamentos diferentes. A educação, então, é posta como preventiva ao retorno à barbárie, e aos nacionalismos exacerbados, sendo também necessário repensar o tipo de ser humano que o sistema atual está formando e gerando.
Fazendo uma análise desse período, percebe-se que milhões de pessoas foram mortas de forma planejada pela inteligência humana, e que o homem demonstrou, de forma cruel, a sua intolerância racial, cultural e o exacerbado nacionalismo, que se espalhou por diversos países no século XIX. Adorno usa os estudos de Freud os quais considera que é na primeira infância que se forma o caráter de cada individuo, para mostrar que a repetição de Auschwitz pode ser evitada se for realizado um processo educacional incisivo nesse estágio. Explica ainda que os culpados pelo holocausto não são as vítimas e sim os perseguidores. Fala do sentimento de claustrofobia das pessoas diante do mundo administrado, e que por essa linha, a violência é uma das formas de tentativa de fuga dessa densa rede. A violência, no entanto, não pode atingir a civilização em sua totalidade, sendo assim, as perseguições são voltadas aos considerados socialmente mais fracos e felizes. Além da educação na primeira infância, outra questão abordada por Adorno é o processo de esclarecimento da população, o qual de acordo com ele criaria um clima cultural e social que possibilitaria a não repetição da barbárie. No texto o autor deixa claro que o retorno ao fascismo é uma questão muito mais social que psicológica. Mas, usando a psicologia Adorno explica que as pessoas que assumem compromissos são colocadas numa espécie de estado de comando e passam a agir de forma diferenciada, submetendo-se a normas e compromissos de obediência que cega a autoridade e gera condições favoráveis à barbárie. A falta de autonomia e determinação são condições favoráveis à barbárie, no entanto a conquista da autonomia e o poder para a autorreflexão e autodeterminação é uma forma de repetição de Auschwitz. Os algozes do campo de concentração eram em sua maioria jovens filhos de camponeses o que pressupõe, segundo o autor, ser o insucesso da desbarbarização ainda maior na zona rural, e que tendências de regressão a barbárie existem por toda parte, tanto no campo quanto na cidade. Uma das possibilidades colocadas pelo autor para amenizar os contrastes da educação zona rural-cidade é a formação de grupos educacionais moveis de voluntários, que ao se dirigirem ao campo preencheriam as lacunas mais graves. Theodor também fala sobre a introdução dos esportes nas escolas, como forma de evitar Auschwitz, mas alerta para as ambiguidades desse método, pois, mesmo sendo positivo, pode promover a violência, a crueldade e o sadismo, a depender da modalidade esportiva. Seria interessante, portanto incentivar esportes que são apenas para diversão, e que sirvam para realizar uma diminuição da agressividade. Outra questão abordada por Adorno é o papel que a tecnologia exerce na formação da consciência coisificada, pessoas desprovidas de emoções que preferem a companhia de máquinas em detrimento dos humanos, tornam-se iguais a coisas, e posteriormente, tornam os outros também iguais a coisas. A deficiência na capacidade de amar pode ser o resultado de pessoas desprovidas de emoções. Adorno deixa claro que não se trata de uma defesa sentimental e moralizante do amor, pois tal incapacidade atinge hoje a todos.
Pode-se notar ao longo do texto a preocupação do autor em evitar que um holocausto como o vivido na Alemanha e em outros países volte a acontecer e que através da educação será possível impedir aqueles que executam ações violentas. Para que Auschwitz não se repita será necessário estudar a formação do caráter manipulador de cada individuo, e identificar o motivo que os leva em condições iguais a ter comportamentos diferentes. A educação, então, é posta como preventiva ao retorno à barbárie, e aos nacionalismos exacerbados, sendo também necessário repensar o tipo de ser humano que o sistema atual está formando e gerando.
A
preocupação de Adorno é pertinente e deve ser também dos educadores hoje, pois
a sociedade está voltada para um mundo globalizado onde predomina a ideologia
capitalista e em que os indivíduos estão sujeitos ao consumismo, individualismo
podendo tornar fértil o surgimento de uma nova carnificina como Auschwitz.
A
sociedade tem abominado as atitudes dos que provocaram tamanho holocausto, o
contexto atual pode ser diferente do vivido em Auschwitz, mas existe a incitação à
crueldade em diversos campos da sociedade. A falta de respeito e amor ao
próximo, discriminação, preconceito, indiferença diante o sofrimento alheio, diferenças
culturais, religiosas e raciais são alguns dentre inúmeros indícios de barbárie
que fazem parte do cotidiano de jovens e adultos da sociedade atual.
È
necessário, que família, escola e sociedade trabalhem juntos na transmissão de
valores, em que a ética, compreensão, compaixão, o amor, respeito e dialogo
sejam fatores preponderantes na humanização e na formação do caráter dos
indivíduos. Nós como educadores devemos pensar a realidade educacional de
nossos alunos e questionar as políticas de educação, não nos acomodar com o que
os meios ideológicos nos impõem, precisamos buscar formas de transformar e
impedir que pessoas repitam os atos de atrocidades ocorridas no passado.
Texto
indicado a educadores e estudantes para que através dele tomem consciência da
importância da educação na formação de cidadãos. É importante também para ter
consciência de como holocaustos, como o de Auschwitz, não se resume a sua consumação,
antes existem uma série de fatos externos que criaram possibilidades para que
ele viesse a acontecer.
Joelia da Silva Melo Pena - Aluna do 3º semestre do Curso de
Licenciatura em História da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – Campus V,
apresentando resenha crítica para a disciplina: A Formação do Professor de
História ministrada pelo Prof. Karl. (2012.1).
Muito boa sua explicação e sua aplicação para a realidade em que estamos vivendo culturalmente e historicamente no tempo atual. Pude compreender melhor o que o autor quis ensinar nesse texto.
ResponderExcluirAgradeço pelo texto muito explicativo e sucinto. Parabéns pela sua racionalidade lúcida. me ajudou muito a compreender melhor as ideias do autor.
ResponderExcluirtop
ResponderExcluirgrande resumo e resenha, me ajudou muito em uma apresentação de pps que tive que fazer na escola! obrigado e parabéns
ResponderExcluirGente preciso de ajuda! Urgente!
ResponderExcluirPergunta: Segundo o sociólogo Theodor Adorno em seu texto educação por Auschwitz, qual o papel da educação na construção do cidadão consciente?
Muito bom seu resumo, excelente explicação , me ajudou bastante a entender o texto.
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